NORBERTO MOTA, COMANDANTE DOS BOMBEIROS VOLUNTÁRIOS DE FÃO HÁ
15 ANOS, ESTÁ DE SAÍDA, POR FORÇA DA LEI, MAS DEIXA UM LEGADO DE EXCELÊNCIA
BOMBEIROS
VOLUNTÁRIOS DE FÃO COMEMORAM ESTE ANO O SEU 90º ANIVERSÁRIO
Norberto Manuel Pereira da Silva Mota
nasceu em 15 de maio de 1950, na República Democrática do Congo, mas cedo veio
para Portugal, onde chegou no ano de 1955. Casado tem 2 filhos, Com residência
em Fão, frequentou a Escola Amorim Campos e o Liceu Nacional de Guimarães.
Ingressou no ensino superior, na Faculdade de Medicina do Porto. Desempenhou
funções no exército português, com a patente de oficial.
Estamos perante um homem que tem
dado muito do seu tempo, talvez grande parte deste, às instituições fangueiras.
Esteve no Clube Fãozense, no F.C. de Fão, na Junta de Freguesia e em várias
outras associações culturais, recreativas e desportivas. Atualmente é Vice-Provedor
da Santa Casa da Misericórdia de Fão, onde passa uma parte do dia e Comandante
dos Bombeiros Voluntários de Fão, onde tem feito de tudo um pouco. Facilmente se
percebe que se trata de uma pessoa que desinteressadamente tudo tem feito pelas
instituições da terra, pelo seu desenvolvimento e pelo bem do próximo.
No quartel, onde decorreu esta
conversa, de imediato percebi o carinho com que é tratado, tanto pelos mais
novos como pelos mais velhos e não me refiro só aos bombeiros, mas também e
muito, pelos associados, muitos que durante o dia por ali passam, seja pelo
café, seja pelo átrio de entrada, onde discute-se de tudo um pouco. Futebol,
cultura, o estado da «União» e claro está, o estado do país.
Nota-se que o quartel é um espaço
de união e de encontro, onde convivem várias gerações. O bar é muito concorrido
e na hora do almoço também serve um considerável número de refeições.
“ENTREI PARA AJUDAR E POR POUCO TEMPO MAS AINDA AQUI ESTOU”
“Entrei nos Bombeiros Voluntários de Fão, para ser por um período
temporário e aqui estou eu ainda hoje. O interesse da instituição falou mais
alto e eu não pude nunca dizer não”.
Norberto Mota está ligado aos Bombeiros
Voluntários de Fão, na qualidade de dirigente, desde o ano de 1982 e ao Corpo
dos Bombeiros desde 1993, tendo sido promovido a Ajudante de Comando logo nesse
mesmo ano. Em 1994, frequentou e concluiu o Curso Básico de Comando, em Sintra,
na Escola Nacional de Bombeiros.
O comandante refere “o excelente trabalho que também tem vindo a
ser desenvolvido pelas sucessivas direções, destacando a atual, presidida por
José Artur. Salienta ainda todos os Comandantes e demais pessoal que tem
servido os Bombeiros e que merecem uma especial referência, porque é graças a
todos eles que esta “casa” é hoje o que é, com esta grandeza e espirito
altruísta e solidário”. A população de Fão também tem sido solidária e tem
sabido responder aos apelos que vão sendo lançados, sempre que é necessária
alguma atuação de maior grandeza, como seja a aquisição e a renovação de
equipamento, ou a melhoria e ampliação das instalações. Não esquecendo as
Juntas de Freguesia da sua área de atuação e a Câmara Municipal, que ainda no
ano passado colaborou na aquisição de uma ambulância e cedeu-nos um terreno, da
antiga Escola Básica das Pedreiras, que entretanto contamos negociar, para
realizar verbas para a realização de obras no quartel.
VICE-PRESIDENTE DA FEDERAÇÃO DOS
BOMBEIROS DO DISTRITO DE BRAGA
Tendo ocupado vários cargos e em
períodos diversos, funções na Federação Distrital. Atualmente desempenha as
funções de Vice-Presidente da Direção, funções que lhe permitem viver mais de
perto as realidades distritais das inúmeras Corporações, inteirar-se dos seus
problemas e ajudar nas soluções possíveis. O seu currículo, onde os
conhecimentos técnicos sobressaem e a sua forma de conduzir homens têm-lhe
granjeado a simpatia dos seus pares.
BOMBEIROS COMPLETAM ESTE ANO O SEU
90º ANIVERSÁRIO
Os Bombeiros Voluntários de Fão
tiveram a sua fundação no dia 27 de dezembro do ano de 1925, pelo que completam
este ano o seu 90º aniversário. As comemorações já se iniciaram, tendo-se
realizado já nas recentes festas do Senhor do Bom Jesus de Fão um encontro de
Fanfarras, com a presença de grupos de 8 corporações.
Do programa constarão várias
atividades e cerimónias a agendar e no final do ano ainda a realização da habitual
consoada de Natal, com os Órgãos Sociais, Bombeiros e suas esposas no sábado e
no domingo haverá a formatura geral, a missa, seguida de romagem ao cemitério e
na parte da tarde outras atividades dedicadas aos filhos dos bombeiros.
PESSOAL
A Instituição tem um Corpo de Bombeiros
distribuído da seguinte forma: Quadro de Comando, Quadro ativo, Quadro de
especialistas, Quadro de reserva e Quadro de honra.
PARQUE DE VIATURAS
Os Bombeiros dispõem de uma frota considerável;
2 Barcos
5 Veículos de combate a incêndios (1 VRCI, 1 VFCI, 1 VUCI, 2 VLCI)
1 Veículo para desencarceramento (VSAT)
3 Ambulâncias Socorro (ABSC)
4 Ambulâncias Transporte (ABTD)
2 Ambulâncias transporte múltiplo (ABTM)
1 Veículo Auto comando (VCOT)
2 Viaturas Apoio (VOPE – Direção e Comando; VETA)
2 Viaturas de museu, uma Austin e uma Ford
AMBULÂNCIAS
A frota atual está bem equipada,
embora a maior parte sejam antigas. Segundo a Lei, as ambulâncias devem ser
renovadas a cada 5 anos, mas isso como facilmente se percebe e compreende não é
possível por questões financeiras. Deve haver uma idade para validade, mas
depois deve ser visto caso a caso, dependendo do uso e do estado de
conservação, garantindo sempre a sua funcionalidade e segurança.
QUARTEL PRECISA DE UMA SALA DE
FORMAÇÃO
“As verbas que conseguirmos com a negociação da Escola deverão ser
aplicadas na melhoria das condições do quartel, que inclui a construção de uma
nova sala de formação, que se situará por cima da garagem, junta á casa escola.
Este quartel, tal como se encontra atualmente já está com 20 anos, por isso há
sempre necessidade de alguma manutenção e de melhorias pontuais. A aposta na
formação é uma constante e temos realizado formação para todos os nossos
bombeiros. Em 2014 entraram 12 bombeiros e tivemos 11 bombeiros promovidos a
bombeiros de 3ª e em 2015 contamos realizar várias formações nomeadamente
recertificar grande parte dos elementos com o curso TAT e DAE.
OPERACIONALIDADE DOS BOMBEIROS
TAMBÉM DEPENDE DA POLITICA DA SAÚDE DO ESTADO
“Não me refiro só aos subsídios, aos protocolos e a outras ajudas mas
também no que concerne às práticas e metodologias adotadas pelo ministério da
saúde, no que toca à assistência a doentes e sinistrados.
O facto de o governo obrigar a que a assistência a feridos, ou doentes seja
prestada apenas nos hospitais públicos, com as idas a Braga, dificulta bastante
o trabalho dos bombeiros. É que uma ida a Braga implica praticamente a ocupação
de uma ambulância durante 2 horas. Fica uma ambulância e a sua tripulação
impedida de realizar outros serviços por um período considerável, quando se
houvesse protocolos com os hospitais de concelho, tudo seria mais rápido e a
ocupação dos meios de socorro também seria mais eficaz e menos demorada. Com as
Escolas passa-se a mesma coisa, qualquer acidente ou incidente nas nossas
escolas obriga ao transporte para Barcelos ou Braga, de acordo com o grau de
gravidade”
ZONA DE ATUAÇÃO DOS BOMBEIROS
VOLUNTÁRIOS DE FÃO
A atual zona de atuação própria
deste corpo de bombeiros inclui 6 freguesias do concelho de Esposende. Duas
situadas a norte do rio Cávado e todas as que se encontram a sul. A norte,
Gemeses e Gandra, a sul Fão, Apúlia, Fonte Boa e Rio Tinto.
Há ainda a registar a realização
de um considerável número de serviços prestados a freguesias dos concelhos
vizinhos de Barcelos e da Póvoa de Varzim. Também é habitual colaborar com os
Bombeiros Voluntários de Esposende, sempre que estes precisem de auxílio, tal
como o contrário também acontece. Norberto Mota aproveitou para salientar “o
excelente relacionamento que existe com os Bombeiros de Esposende, o seu
comandante Juvenal Campos e toda a corporação. O relacionamento é impecável e a
colaboração também é permanente.
Depois ainda existem as
solicitações do CDOS de Braga, que pode solicitar a prestação de serviços em
missões da proteção civil e que pode estender-se a todo o território nacional.
MISSÃO DOS BOMBEIROS
Os bombeiros de Fão, tal como
todos os demais, tem uma missão bastante diversificada e abrangente, na ajuda,
apoio, defesa e proteção de pessoas, de bens e das próprias comunidades. De
salientar a prevenção e o combate a incêndios; O socorro às populações, em caso
de incêndios, inundações, desabamentos e, de um modo geral, em todos os
acidentes; O socorro e transporte de acidentados e doentes, incluindo a
urgência pré-hospitalar, no âmbito do sistema integrado de emergência médica; A
emissão, de pareceres técnicos; A participação em outras atividades de proteção
civil, no âmbito do exercício das funções específicas que lhes forem cometidas,
protocolizada com a Câmara Municipal; O exercício de atividades de formação e
sensibilização e a participação em outras ações e o exercício de outras
atividades.
ATIVIDADE NO ANO DE 2014
4.320 Alertas
180.153 Quilómetros percorridos
6.135 Doentes transportados
12 Incêndios urbanos
73 Incêndios florestais
Os incêndios registaram-se todos
fora da zona natural de atuação. Na atuação dos Bombeiros verifica-se a chamada
triangulação, ou seja, o CODS, sempre que se verifiquem situações de
necessidade, pode chamar as corporações mais próximas (Ex: Fão, Esposende e
Barcelinhos).
ASSOCIADOS
A Associação Humanitária dos Bombeiros
Voluntários de Fão conta atualmente com cerca de 1.200 sócios efetivos, que
contribuem anualmente com o valor aproximado de 15 mil euros. Há uma campanha
de angariação de novos sócios que contempla um desconto de 50% para os menores
de 18 anos de idade. Não existe joia de entrada e a quota anual é de 12€ por
associado. A campanha tem sido muito feita nas várias freguesias, em eventos e
nas suas festas, onde é instalada uma tenda com técnicos que prestam vários
serviços, jornadas de sensibilização do voluntariado, rastreios de medição de
tensão, medição da glicemia e outros. A inscrição da proposta de sócio pode ser
feita nessas representações, no quartel, ou junto de um dos cobradores da
associação que se encarregará de preencher o respetivo formulário.
Nos direitos dos associados, há
uma diferenciação do valor dos serviços prestados entre sócios e não sócios,
tendo os associados um desconto na ordem dos 10%, nos transportes, ou seja, o
associado, paga pelo serviço apenas e só o valor que a corporação receberia do
Estado.
OBJETIVOS A MÉDIO PRAZO
Norberto Mota ambiciona a criação
de uma Equipa Intervenção Permanente”. Equipa composta por 5/6 elementos,
disponíveis em horário laboral e só para a emergência. O Estado está disponível
para custear em 50% dos custos e os restantes 50% ficariam a cargo do Município.
Quanto aos Equipamentos de Proteção Individual florestal refere que foram
fornecidos pela Câmara, apenas para parte do corpo ativo. Temos necessidade de
mais destes equipamentos para que todos os bombeiros tenham possibilidade de
ter um. Também temos necessidade de EPI para incêndios urbanos e industrias.
PRINCIPAIS CUSTOS NO ORÇAMENTO DOS
BOMBEIROS
“Combustíveis e seguros das viaturas, porque o
seguro dos bombeiros é suportado pela Câmara Municipal de Esposende. Para
minorar os custos com os combustíveis, que ultrapassam as três dezenas de
milhares de euros, optamos pela instalação de um depósito próprio com
benefícios no custo de litro do gasóleo”.
PROTOCOLOS
CÂMARA MUNICIPAL DE ESPOSENDE
Este
protocolo contempla a atuação no âmbito da proteção civil, ao abrigo do qual
recebem anualmente a quantia de 17 mil e quinhentos euros.
SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DE FÃO
Contempla
o transporte dos utentes do Lar e em contrapartida consultas para os bombeiros
e fornecimento de consumíveis para as viaturas de saúde.
ESCOLA PROFISSIONAL DE FÃO
Prestação
de apoio e colaboração, cedência de salas para formação, componente informática
e acesso ao bar, para refeições dos alunos.
AS SUGESTÕES DO COMANDANTE
“Olhando às constantes dificuldades de financiamento por parte do
governo central e da própria autarquia, a que acresce a atual crise financeira,
parece-me de equacionar a possibilidade de criação pelo Município de uma taxa
de proteção civil no valor percentual a cobrar no IMI. Esta receita reverteria
única e exclusivamente para a Protecção civil municipal, dessa receita 80%
reverteria para as duas Associações de Bombeiros o que permitiria as suas
direções a possibilidade de suprir algumas das dificuldades financeiras que têm
para garantir a segurança das sua populações, com segurança, eficiência e em
prontidão.”
FANFARRA DOS BOMBEIROS VOLUNTÁRIOS
DE FÃO
A
FANFARRA DOS BOMBEIROS VOLUNTÁRIOS DE FÃO, foi criada em 1996, é composta por
31 elementos, tem tido várias atuações em vários encontros de fanfarras
integrados nos diversos aniversários das associações de bombeiros, em
procissões e festas...
…E O FUTURO?
Uma vez que este é ano de eleições, estando o
comandante prestes a deixar o cargo, por imposição da lei, devido à idade, na
possibilidade de o atual presidente da direção, José Artur, não se recandidatar,
será que estou perante um possível candidato ao cargo e futuro presidente da
direção?
Em resposta Norberto Mota, a custo, lá me foi
respondendo que a questão por enquanto não se coloca, por isso não pensou nessa
situação e, que o seu único objetivo sempre foi e será servir a instituição e
que no futuro logo se vê. “Isso não me
preocupa, seja aquilo que os associados quiserem”.
O comandante Norberto Mota a terminar ainda deixou
uma palavra de agradecimento a toda a corporação, bombeiros, demais pessoal,
órgãos sociais, em especial ao 2º comandante Joaquim Soares e ao Adjunto de
comando, Miguel Pereira, por toda a colaboração e apoio e por com ele
contribuírem para o crescimento dos Bombeiros Voluntários de Fão e pela
excelência do trabalho que prestam em prol da população. Fazendo também um
apelo para que os jovens se inscrevam nos bombeiros e sejam voluntarios.
OBRIGADO, COMANDANTE!
Caríssimo Amigo, Comandante Norberto
Mota, meu conhecido das inúmeras reuniões em que participamos, eu na qualidade
de autarca de freguesia, o comandante nessa mesma qualidade, o meu muito obrigado
por tudo que tem feito por esta instituição e por muitas outras instituições e
associações.
Muito obrigado pela forma amiga
como me recebeu. Desejo-lhe as maiores felicidades e os maiores sucessos.
NOTA FINAL:
PARA A EVOCAÇÃO DO “25 DE ABRIL”
Celebra-se hoje, precisamente no
dia que este jornal chega às bancas, o 41º aniversário da «Revolução de Abril».
Esposende promove “Vivências de
Abril” e “Dar as Mãos em Abril”. Dois eventos de especial importância para
recordar aquela que foi a revolução que nos devolveu a Liberdade, restaurou a
Democracia e instituiu o Poder Local. Abril nunca pode deixar de ser recordado
porque como se tem visto, há valores que não estão garantidos em permanência e
em definitivo. Temos que estar sempre atentos, vigilantes e interventivos, na
defesa de valores como, a Liberdade, a Democracia, a Paz e a Justiça Social.
Mário Fernandes;
25-04-2015